Crônica: A ESPREITADA

 
Nos dias atuais observa-se uma grande dependência dos celulares. Esses pequenos aparelhos que antes serviam apenas para realizar ligações, hoje trazem uma infinidade de facilidades e contribuem com a quebra de barreiras do mundo globalizado.

O principal exemplo dessa quebra de barreiras é o modo como nos comunicamos com pessoas do outro lado do globo ou simplesmente do outro lado da rua. Porém, ao mesmo tempo vivemos um paradoxo, pois pelo mesmo motivo as pessoas tem se distanciado. Trocam relações reais por virtuais, isso quando as tem.

Essas relações virtuais se originam da grande quantidade de redes sociais que nos prendem e nos distrai o tempo todo, não importa o lugar onde estamos: no ônibus, na igreja, na sala de aula ou no trabalho.

Todos os dias quando pego um ônibus para ir até a faculdade observo a quantidade de pessoas com seus aparelhos, muitas vezes até em pé no corredor por falta de assento, mas não largam as redes sociais.

Recordo-me que uma certa vez, estava eu em pé, em um ônibus lotado. Como de costume, segurava-me na lateral de uma das cadeiras e passei a observar a moça que estava sentada nela. Assim como muitos dali, ela mexia no celular. Notei que por várias vezes ela me olhava com incomodo, como se me acusasse de espreitar sua conversa virtual. Indignei-me com a suspeita da acusação.

Por que eu iria querer olhar para o celular dela para saber da conversa que ela estava tendo com Luíza sobre o dia em que ela foi perseguida pelo cachorro da Dona Francisquinha da rua de baixo, por ter tentado fazer um carinho nele enquanto carregava uma sacolinha com dois reais de salsicha e que ela acabou dando as salsichas para o cachorro para se livrar da perseguição? 

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