Quando passei
a morar na minha atual residência, fui recebida sem muitas felicitações pela
moradoras daqui. Atualmente, posso até afirmar que temos uma relação de
respeito, uma para com as outras. Por vezes já parei para pensar no desconforto
que foi para elas ter que dividir moradia com uma desconhecida, e poderiam
questionar qual seria o seu destino caso fossem rejeitadas.
As tais
colegas de domicílio tratavam-se de insetos blatídeos de forma achatada, de
hábitos noturnos; podem ser silvestre, mas essas eram domésticas. Mais conhecidas
como baratas.
No início
nossa convivência não era das melhores, havia embate o tempo todo. Um voo de
lá, um susto de cá; pisões, perseguições. Mas com o tempo fomos nos acostumando
com a presença umas das outras.
Certo dia eu
estava andando pelas dependências da casa, como quem queria explorar o espaço,
e me deparei com uma delas. Vinha desatenta. Certamente procurava por comida. O
fato é que ambas não esperávamos o encontro e o contato foi inevitável.
- Que nojo!
Ela me tocou! Ela me tocou!
Então a barata saiu
apressada, parou embaixo do armário enquanto esfregava as patas uma na outra,
insistentemente, como se quisesse limpá-las. Eu apenas a observava.
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