Apropriação Cultural

Joyce Luana, Empatia. Acrílica sobre tela, 40x40, 2017. 
    Ultimamente tem-se discutindo muito sobre a Apropriação Cultural, decidi abordar o tema em uma tela e participar da discussão por entender a importância do assunto.
    Como já mencionei em um post anterior, obras de arte dão liberdade ao espectador para interpretá-la como lhe prover. Ma, mais uma vez direi os significados que eu quis expressar.
    A tela é composta pela representação de uma montagem de fotografias rasgadas de pessoas de várias etnias, que formam um busto feminino. Este representa a igualdade entre os povos, que independentemente da cor, crença ou costumes, compartilhamos da mesma Humanidade. O turbante colorido que adorna a cabeça representa o pedido de respeito à cultura alheia.

Mas o que é Apropriação Cultural?

    Apropriação Cultural é a adoção de alguns elementos específicos de uma cultura por um grupo Cultural diferente. Seu significado pode implicar em uma visão negativa quando uma cultura dominante se apropria de uma cultura minoritária.
    Não precisamos ir muito longe para acharmos um exemplo, no Brasil a Apropriação Cultural aconteceu de forma expressiva em relação à cultura Afro e a Indígena.
    Os negros africanos foram arrancados de seus lares e jogados em um lugar desconhecido. Tiveram sua liberdade tomada e foram forçados a postergar suas crenças e costumes.
    Mesmo exauridos pela brutalidade da escravidão, os africanos resgataram seus ritos religiosos, mesmo de forma secreta dentro das senzalas, e usavam seus símbolos como forma de resistência.
    Depois de sofrerem desprezo e ataques racistas por causa da forma como dançavam, cantavam e se vestiam, hoje o "ritmo de preto" é símbolo nacional, cujos maiores representantes são de pele branca. Até os dias atuais a religião, vestes, costumes, símbolos, cabelo ou pele de negros são menosprezados e ofendidos. A não ser que um indivíduo de pele branca se vista como negro, use cabelo crespo ou trançado, dance ou cante músicas de negro, aí é diferente: é fashion e descolado.
    Mas a questão não é sobre indivíduos,  não estamos falando de uma grande guerra estre negros e brancos, onde aqueles querem se vingar e dominar estes.
    A questão é sobre negros poderem usar seus símbolos, seu cabelo crespo ou trançado, suas vestes estampadas ou brancas, praticar sua religião sem alguém o menosprezar ou o ofender por causa disso. É o branco poder fazer parte disso, se quiser, usar as mesmas vestes estampadas ou brancas, fazer parte da mesma religião, "encrespar" o cabelo, desde que entenda e respeite o que isso significa, e que o negro ou o índio não sejam ofuscados, como sempre acontece. Stephanie Ribeiro, no site Geledés, afirma que "o processo de Apropriação Cultural é a quando se tira o sentido de alguns símbolos, em especial religiosos, se desumaniza os indivíduos dessa cultura e se entende que os mesmos símbolos  quando usados por eles não tem valor".
    Acredito quem o maior problema da Apropriação Cultural é o capitalismo. No contexto capitalista, a apropriação ultrapassa o desrespeito às culturas alheias. Basta uma modelo estampar uma capa de revista de moda famosa usando turbante que isso logo se torna bonito, fashion e aparece em todas as vitrines, perdendo qualquer relação com sua origem ou significado.
    O artesanato produzido por tribos indígenas, que contam sua história e marca suas tradições,  é vendido por altos preços em lojas de decoração "chics", sem nenhuma menção aos seus significados ou remuneração justa às artesãs.
    A sociedade evolui progressivamente em vários aspectos, mas regride em outros. Precisamos praticar e espalhar a Empatia pelo mundo, pela esperança da formação de pessoas conscientes, igualitárias e respeitosas para com o outro.

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